23|09|2024

II Congresso Internacional de Educação SESI-SP debate educação, sustentabilidade e justiça social para o futuro

Especialistas e educadores discutiram os desafios e transformações necessárias para a educação do século XXI

por Lais Fiocchi e Amanda Gehlen, comunicação Faculdade SESI de Educação

 

O II Congresso Internacional de Educação SESI-SP, com o tema “Educação e Futuro Juntos: Humanização para Além do Ser Humano“, foi realizado nos dias 16 e 17 de setembro. Promovido pelo SESI-SP e pela Faculdade SESI de Educação, o evento reuniu especialistas renomados do Brasil e do exterior, professores, gestores e estudantes, com o objetivo de promover o intercâmbio de experiências e pensar o futuro da educação em diferentes níveis e modalidades.

Na abertura do II Congresso Internacional de Educação SESI-SP, o superintendente Alexandre Pflug destacou a inovação da Faculdade SESI de Educação na formação por áreas do conhecimento e o impacto de programas como Alfabetização Responsável, Recompondo Saberes e Sem Barreiras, oferecidos gratuitamente a municípios paulistas. Fausto Augusto Junior, presidente do Conselho Nacional do SESI, enfatizou a necessidade de mudanças urgentes nas escolas, especialmente em países em desenvolvimento, afirmando que a educação é fundamental para enfrentar esses desafios.

Luis Paulo Martins, gerente de ensino superior e diretor da Faculdade SESI de Educação, destacou a importância das discussões promovidas no evento. “O II Congresso tem por objetivo debater a relação entre o ser humano e o mundo que queremos para as próximas gerações. A educação tem o papel de nos preparar para desafios ainda incertos, mas que já mostram a necessidade de uma maior integração entre conhecimento, inovação e sustentabilidade”, afirmou.

 

O superintendente do Sesi-SP, Alexandre Pflug, e Luis Paulo Martins,
gerente de ensino superior e diretor da Faculdade SESI de Educação
Foto: Karim Kahn / Sesi

 

Ciência, sustentabilidade e justiça social

A conferência de abertura foi ministrada por Antonio Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa e referência mundial em educação, que alertou para os impactos ecológicos e climáticos que a ciência já detectava há mais de 80 anos. Segundo Nóvoa, a educação precisa gerar uma “consciência planetária”, promovendo responsabilidade com o meio ambiente e dando voz aos jovens na luta por um futuro sustentável. “Precisamos de uma educação que nos coloque em paz com a terra, a sustentabilidade e a diversidade“, pontuou o professor.

Antonio Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa
Foto: Karim Kahn / Sesi

Um dos pilares do congresso foi a sustentabilidade, abordada na palestra do professor Ronaldo Christofoletti, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Ele discutiu a relação entre as atividades humanas e a saúde dos oceanos. “Menos de 50% da população costeira tem acesso a sistemas adequados de esgoto, o que agrava a poluição marinha”, alertou Christofoletti, ao defender que a transformação de hábitos é urgente para garantir um futuro sustentável.

A mesa-redonda “Um outro futuro é possível? Por uma nova lógica para pensar a vida frente às mudanças sócio climáticas”, que contou com os especialistas Marco Alejandro Tobón Ocampo, da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e Romualdo Dias, da Universidade Estadual Paulista (UNESP), reforçou a importância de novas abordagens para enfrentar os desafios globais impostos pelas mudanças climáticas.

 

Justiça curricular e inclusão racial

A questão da justiça curricular também foi amplamente debatida no congresso, destacando-se a mesa-redonda formada pelas professoras doutoras Terezinha Azerêdo Rios, da Universidade de São Paulo (USP), Branca Ponce, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e Thais Costa (PUC-SP). O debate girou em torno da construção de currículos escolares que promovam o bem coletivo e o reconhecimento das diferenças étnico-raciais, de gênero e sexualidade. “A justiça curricular não nasce do nada, ela vem de um processo de humanização que envolve o diálogo e a construção coletiva”, afirmou Branca Ponce.

Sueli Carneiro e Cida Bento encerraram o primeiro dia do II Congresso Internacional de Educação SESI-SP com uma reflexão sobre racismo e o papel transformador da educação. Sueli destacou o conceito de epistemicídio e a falha na implementação da Lei 10.639/2003, que visa incluir a história afro-brasileira nas escolas, ressaltando que o racismo ainda é um obstáculo na trajetória educacional de muitas crianças negras.

 

Foto: Karim Kahn / Sesi

 

Cida Bento reforçou a importância de escolas acolhedoras e da valorização da diversidade, destacando iniciativas que buscam promover a equidade racial. Ambas enfatizaram que a educação precisa ser um espaço de justiça social e inclusão, para construir uma sociedade verdadeiramente igualitária.

Ailton Krenak e Bárbara Carine participaram da mesa “A Educação do futuro é ancestral: uma proposta de futuro para um mundo em chamas”, que fechou o segundo e último dia do evento. Na discussão, foram levantadas reflexões sobre a importância da ancestralidade na educação. Krenak destacou que a educação do futuro deve valorizar os saberes tradicionais e romper com a hierarquia entre professor e aluno.

Bárbara Carine evidenciou a necessidade de uma educação que reconheça as múltiplas humanidades, criticando a visão eurocêntrica e defendendo o resgate das histórias e ciências dos povos africanos e indígenas como parte fundamental da formação dos estudantes.

Pelo segundo ano, tive o prazer de integrar a comissão organizadora do Congresso Internacional de Educação SESI-SP, promovendo debates e conexões importantes. Nesta edição, tive a honra de mediar a mesa de encerramento com Ailton Krenak e Bárbara Carine, referências para minha prática docente. Foi um momento muito especial e emocionante da minha vida, e ficará imortalizado na minha memória”, comemorou o professor Everton Dias, da Faculdade SESI de Educação.

 

Fórum das Juventudes, Prêmio SESI-SP de Educação e Grupos de Trabalho

O II Congresso Internacional da Faculdade SESI-SP também contou o I Fórum das Juventudes, que reuniu 25 estudantes do 3º ano do Ensino Médio da rede SESI-SP. O fórum ofereceu um espaço para debater temas como equidade, inclusão e diversidade, economia verde e criativa, e transformação digital, buscando criar propostas tangíveis para melhorar suas escolas e comunidades.

Além disso, o SESI-SP realizou mais uma edição do Prêmio SESI-SP de Educação para reconhecer iniciativas inovadoras que transformam o processo de aprendizagem. O prêmio visa destacar os melhores trabalhos de professores das modalidades Docente da Rede SESI-SP e da Rede Municipal de Ensino. Os vencedores foram anunciados e premiados entre as atividades dos dois dias do Congresso, refletindo o compromisso do SESI-SP com uma educação dinâmica e inclusiva.

O Congresso também contou com um espaço voltado para a apresentação de trabalhos acadêmicos realizados pelos congressistas, sendo divididos em quatro áreas: Tecnologia e Inovação, Salas de Aula Inclusivas, Gestão Democrática e Educação Sustentável, e Formação de Professores.

 

 

Foto: Karim Kahn / Sesi

 

 

Sobre a Faculdade

A Faculdade SESI-SP de Educação se destaca como um centro de excelência, oferecendo graduação, pós-graduação e extensão em educação, com ênfase na formação de professores por área de conhecimento. Seus cursos de licenciatura promovem a interdisciplinaridade e uma visão integrada dos conteúdos, alinhando-se às diretrizes do MEC e CNE. Desde o início, os alunos enfrentam desafios reais por meio da Residência Educacional, onde aplicam e inovam métodos de ensino sob a orientação de professores.

 

Sobre o Congresso

Após o sucesso do I Congresso Internacional de Educação SESI-SP realizado em setembro de 2023, o SESI-SP e Faculdade SESI de Educação organizaram para 2024 o II Congresso Internacional de Educação com uma temática urgente: Educação e futuro juntos: humanização para além do ser humano.

Pensar o futuro da educação é também pensar o futuro. Debater o futuro da humanidade pressupõe ir além da constituição dos seres humanos, é preciso respeitar territórios, valorizar a democracia, ter paz, cuidar do meio ambiente, incorporar tecnologias e tê-las como elementos de celebração das diferenças.

 

 

Foto: Karim Kahn / Sesi

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