Língua Brasileira de Sinais é destaque em projeto de monitoria da Faculdade SESI
“Cabe a nós, que estamos no chão da escola, incorporarmos em nossa prática a preocupação com a acessibilidade e nos mobilizarmos das formas que pudermos” |
A Faculdade SESI de Educação adota em sua matriz curricular da graduação, nas quatro Áreas do Conhecimento, o ensino de Libras, com abordagens para práticas inclusivas, com tendência ao multilinguíssimo, que é a teoria que reforça a importância da primeira língua, seja para o Surdo ou ouvinte, mas também oferece outras possibilidades e recursos para a comunicação, inclusive em outros idiomas orais (Língua Inglesa ou Língua Portuguesa), quanto idiomas espaciais-visuais (Língua Brasileira de Sinais e Língua de Sinais Americanas).
A professora, Ane Patrícia Flora, mestra em Linguística Aplicada é especialista em educação de Surdos e licenciada em português/inglês desde 1996, explica que para que os futuros professores consigam celebrar e aproveitar o multilinguíssimo, presente em nossa sala de aula, “se faz necessária a formação compatível, ampliada e, ao mesmo tempo, mais específica no que tange à compreensão, ainda que insuficiente e não aperfeiçoada”, pontua. A professora Ane chama a atenção, que cada vez mais fica claro que precisamos nos mobilizar para, em uma educação libertadora, devemos incluirmos a todos. A questão da surdez tem repercutido nos últimos anos e chegou a ser tema do Enem (2017) e, mais recentemente, assunto na premiação do Oscar. Troy Kotsur, que é Surdo, foi premiado como melhor ator coadjuvante pela atuação em “No Ritmo do Coração. “Cabe a nós, que estamos no chão da escola, incorporarmos em nossa prática a preocupação com a acessibilidade e nos mobilizarmos para, das formas que pudermos, promovermos a inclusão efetiva de pessoas com deficiência na educação”, resume a professora. Ela conclui que o professor que se vale da Libras se torna mediador do conhecimento, com o objetivo de melhorar o percurso acadêmico do Surdo e do ouvinte que é fragmentado, usando a Libras e outras estratégias pedagógicas. |
Monitoria: Libras em sala de aula |
Na Faculdade SESI, além das vivências curriculares, os estudantes participam de monitorias em Libras. Os conteúdos são ministrados por alunos fluentes na Língua de Sinais sob supervisão de um professor. A monitoria é realizada semestralmente e mescla questões aplicadas nas aulas da professora Ane com as da monitoria. “Na monitoria, os alunos ampliam os conhecimentos e vocabulários aprendidos durante as aulas, enriquecendo, assim, a reflexão sobre a conscientização das diferenças linguísticas e cultural dos Surdos”, aponta a professora. Atualmente a monitoria é ministrada pelos estudantes, que cursam o quarto ano das licenciaturas em Linguagens e em Ciências da Natureza, Wesley Vidal e Gabriel Reis, respectivamente. Uma das participantes da monitoria é a aluna, Brida Castro, do quarto ano do curso de Ciências Humanas. Ela conta que sempre se interessou por conteúdos de Libras. “Via na minha grade e ficava ansiosa por ter essa matéria com alguém que realmente entendesse do assunto, mas, quando estamos em sala, o tempo passa muito rápido e, com alguns feriados e intervenções no calendário acadêmico, algumas aulas acabam sendo canceladas. O bom é que as monitorias reforçam o que foi visto e que podemos conversar sobre outros temas que nos interessam” comenta Brida. A professora Ane destaca o papel importante da instituição nesse tipo de inciativa. Para ela, o uso da Língua de Sinais permite que o estudante Surdo compreenda os processos educacionais. “O contato com o conhecimento específico e a aquisição da Libras pelo ouvinte dialogam com a comunicação entre as partes envolvidas no ensino-aprendizagem, observando que a Língua Brasileira de Sinais humaniza as práticas educativas e dá ao Surdo um olhar humanizado e afetivo”, pontua. |
Legislação |
Conforme a Lei n°10.436, de 24 de abril de 2002, que instituiu a Língua Brasileira de Sinais (Libras), estabelecendo que todo Surdo brasileiro tem direito à Libras como primeira língua e ao Português escrito como segunda língua, em uma perspectiva bilíngue. No contexto da educação, em 22 de dezembro de 2005, foi publicado o decreto nº 5.626/2005, regulamentar à legislação anterior, que assegura entre outras conquistas, que a Libras deve ser inserida como disciplina obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de Instituições de ensino, públicas e privadas, dos sistemas de ensino, federal, estadual e municipal. |
Com colaboração das professoras Me. Ane Patrícia Flora e Dra. Renata Palumbo E estudantes, Gabriel Schnitsler dos Reis e Wesley Vidal Zuzarte Da Silva |